top of page

A História da Banda






Em 1858, um navio da marinha portuguesa deixou Lisboa com destino a Buenos Aires. Já em alto mar a tripulação foi surpreendida por uma fortíssima tempestade, colocando em risco todos a bordo. Samuel Antonio dos Santos; oficial músico e regente da Banda de Fuzileiros Navais, católico fervoroso, devoto de Santo Antônio rogou então a Deus pela vida de todos; em troca prometia, na primeira cidade em que aportasse, pediria baixa da marinha e fundaria uma banda de música e uma igreja em louvor a Santo Antônio. Ao chegarem ao Rio de Janeiro salvos, Samuel pede desligamento ao comandante do navio. Na capital do Império trabalha como professor e regente até abril de 1862.



Na ocasião, por intermédio de amigos, é apresentado ao coronel Galeano das Neves, presidente da Câmara da Vila de Nova Friburgo. Sabendo que o Colégio Freeze precisava de um professor de música, imediatamente apresenta Samuel ao diretor do educandário que o contrata e traz o maestro para Nova Friburgo.



Em 26 de fevereiro de 1863, Samuel Antônio dos Santos, com pessoas influentes da cidade, funda a Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense (homenagem à deusa-musa grega, patrona da música e das artes), tendo o barão de Nova Friburgo como o seu primeiro presidente. Por 22 anos, ou seja, até 1885, além de professor foi também regente desta primeira manifestação artística e cultural da cidade. A segunda promessa aconteceria em 13 de junho de 1884, com a inauguração da capela de Santo Antônio, no Suspiro, com recursos obtidos pela diretoria da Euterpe.



Entre os ilustres admiradores da Banda consta o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos, que em 1915, visitando Nova Friburgo, assistiu apresentação da Euterpe, aplaudindo com entusiasmo a exibição da banda.



A Euterpe Friburguense sempre esteve presente nos acontecimentos marcantes de Nova Friburgo. No dia 24 de novembro de 1932, com a Banda do Corpo de Fuzileiros, recepcionou a chegada à estação Leopoldina (atual PMNF) do presidente Getulio Vargas e comitiva.



Na segunda visita, em 30 de maio de 1943, Getulio Vargas regressa da inauguração da Exposição de Cordeiro, e na chegada é recepcionado pelo Tiro de Guerra, comandado na época pelo sargento Renato Lopes. Getulio visitou o Colégio Anchieta, Sanatório Naval e fábricas; ao sair da prefeitura, na Praça XV de novembro (atual G. Vargas), a banda executou o hino Salve Getulio Vargas.



Outro momento histórico foi o comício de encerramento da campanha vitoriosa de Juscelino Kubitscheck a presidência da república em 1955. A Euterpe foi convidada para abrilhantar o evento. Eleito, Juscelino tornou-se presidente de honra da Euterpe, sócio contribuinte e honorário até falecer em agosto de 1976.



Em seus 149 anos de glórias, alguns nomes marcaram época na Euterpe: Samuel Antonio dos Santos (fundador), Humberto Picciali da Escola de Música de Milão. No comando, Picciali de 1916/33 ousou no repertório da banda introduzindo óperas e sinfonias trazidas da Itália. João Batista Madureira da Silva, professor de música, arranjador, compositor; compôs em 1945 um dobrado homenageando a fundação da ONU. Viraria tema de abertura do “Repórter Esso”. Outros baluartes Carlos Rotary, Luiz Gonzaga Caputo de Faria, Professor Rubens Coelho Gomes. Atualmente, a Banda Euterpe é comandada pelo jovem maestro Nelson José da Silva Neto.



Na sede, o casarão do século XX arquiva-se relíquias como fotos antigas a 1ª de 1871, com o maestro Rangel; partituras de mais de 130 anos, a partitura original do 1º milheiro impresso do Hino Nacional Brasileiro. Mesmo com poucos recursos oriundos de sócios e simpatizantes foram realizadas reformas internas visando melhor acomodação dos alunos, pesquisadores e de visitantes.



Em 1992, a Banda participou do XVII Encontro Estadual de Bandas de Músicas Civis, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, convidada pelo Coordenador da entidade Estadual Eduardo Wermelinger, chamando-a de “Centenária das Centenárias”.



Em 2002 participou do XXIV Concurso de Bandas Civis da Secretaria de Cultura (RJ), na Sala Cecília Meireles, conquistando 1º lugar da classe especial em disputa com as melhores bandas do estado; das maratonas de bandas promovidas pela Secretaria de Cultura (RJ), realizadas na Sala Cecília Meireles em 2005, 2007, 2008 e 2009, com isso recebeu inúmeros convites para exibir-se em várias cidades fluminenses. Em fevereiro de 2010, convidada para entrega do prêmio aos melhores da cultura do estado do Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano.



Nas administrações alternadas de José Nilson e Francisco de Assis da Silva (Assis), que é o seu atual presidente, a Euterpe passou e passa por uma grande fase. Em reconhecimento foi agraciada, em 2007, pela Alerj com a Medalha Tiradentes, em comemoração a 145 anos de fundação; além do título de Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro nº. 001. Além de já ser reconhecida por ser de Utilidade Pública Municipal e Estadual.









EUTERPE FRIBURGUENSE

CONSIDERA PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AS BANDAS DE MÚSICAS CIVIS CENTENÁRIAS. * Estado do Rio de Janeiro * Projeto de Lei (PL) * PBI * Nomeação de Instituição Pública * Cultura * Altineu Cortes * Legisladores * Aprovado Número do projeto: PL723/07 Data de apresentação: Ago 2007 Data de aprovação: Abr 2008 PROJETO DE LEI Nº 723/2007 EMENTA: CONSIDERA PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AS BANDAS DE MÚSICAS CIVIS CENTENÁRIAS. Autor(es): Deputado ALTINEU CORTES A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESOLVE: Art. 1º - Fica considerado patrimônio cultural do Estado do Rio de Janeiro o conjunto de Bandas de Música Civis Centenárias em atividade. Art. 2º - Para fim do disposto na presente Lei , considera-se Banda de Música Civil , toda entidade musical ,constituída sem fim lucrativo ,que contribui para a formação cultural e divulgação da arte em todo território fluminense. Art. 3º- Caberá à Secretaria de Estado de Cultura efetuar o levantamento oficial das entidades musicais civis centenárias que formarão o conjunto objeto da presente Lei . Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 08 de agosto de 2007 Deputado ALTINEU CÔRTES Justificativa: O Estado do Rio de Janeiro possui uma enorme quantidade de bandas de música civis ,verdadeiras escolas profissionalizantes, responsáveis pela formação de um grande número de músicos que atuam em bandas militares e diversas orquestras do Brasil e do exterior. Entidades constituídas sem fins lucrativos , responsáveis pela divulgação da arte e da cultura , contribuem a quase um século e meio para a formação cultural do povo fluminense. Presentes em quase todos os municípios do Estado , as bandas de música fazem a alegria da população quando desfilam pelas ruas ou em suas apresentações em praças e auditórios. O conjunto de bandas civis centenárias em atividade no Estado do Rio de Janeiro é formado atualmente pelas seguintes associações: SOCIEDADE MUSICAL BENEFICENTE EUTERPE FRIBURGUENSE – Fundada em 26 de fevereiro de 1863 – Nova Friburgo SOCIEDADE MUSICAL BENEFICENTE CAMPESINA FRIBURGUENSE – Fundada em 06 de janeiro de 1870 – Nova Friburgo SOCIEDADE MUSICAL DEOZÍLIO PINTO – Fundada em 10 de março de 1870- Pedra de Guaratiba – Rio de Janeiro SOCIEDADE MUSICAL LYRA DE APOLO –Fundada em 19 de maio de 1870 – Campos dos Goytacazes SOCIEDADE MUSICAL NOVA AURORA – Fundada em 08 de junho de 1873 – Macaé SOCIEDADE MUSICAL LYRA CONSPIRADORA CAMPISTA –Fundada em 02 de agosto de 1882 – Campos dos Goytacazes SOCIEDADE MUSICAL BENEFICENTE LIRA DOS CONSPIRADORES – Fundada em 25 de dezembro de 1882 – Macaé LYRA DE ARION – Fundada em 12 de maio de 1888 – Santo Antonio de Pádua BANDA DE MÚSICA DO COLÉGIO SALESIANO SANTA ROSA – Fundada em 06 de dezembro de 1888 – Niterói BANDA DO GINÁSIO MUSICAL E RECREATIVO 24 DE FEVEREIRO –Fundada em 24 de fevereiro de 1891 – Santa Cruz – Rio de Janeiro. SOCIEDADE MUSICAL OPERÁRIOS CAMPISTAS – Fundada em 26 de maio de 1892 – Campos dos Goytacazes BANDA MUSICAL UNIÃO DOS OPERÁRIOS – Fundada em 09 de julho de 1892 – São João da Barra SOCIEDADE MUSICAL LIRA GUARANI – Fundada em 22 de outubro de 1893 – Campos dos Goytacazes SOCIEDADE MUSICAL ISABELENSE – Fundada em 04 de julho de 1895 –Santa Isabel do Rio Preto – Valença SOCIEDADE MUSICAL SETE DE SETEMBRO – Fundada em 07 de setembro de 1898 – Miracema SOCIEDADE Boletim E-Leitor Cidadão Mantenha-se informado/a com as notícias mais recentes. Edições anteriores.

EUTERPE COMERCIAL – Fundada em 19 de maio de 1900 – Barra do Piraí SOCIEDADE MUSICAL RECREIO BOMJARDINENSE - Fundada em 22 de outubro de 1900 – Bom Jardim SOCIEDADE MUSICAL UNIÃO DOS ARTISTAS – Fundada em 10 de janeiro de 1901 – Barra do Piraí CLUBE MUSICAL EUTERPE SEBASTIANENSE – Fundada em 01 de maio de 1903 – Campos dos Goytacazes SOCIEDADE MUSICAL FRATERNIDADE CORDEIRENSE – Fundada em 18 de abril de 1905 – Cordeiro. Lei correspondente: 5215/2008

O Fundador



Samuel Antônio dos Santos nasceu na freguesia das Mercês, em Lisboa, Portugal, em 8 de Dezembro de 1831. Era filho de Antônio Francisco dos Santos e Mafalda Rosa. Tornou-se oficial da marinha lusitana e regente da banda de fuzileiros. Em 1858 zarpava de Lisboa em um navio da frota portuguesa, a Fragata Vasco da Gama, com destino a Buenos Aires. Em meio à travessia do atlântico uma grande tormenta quase levou a frágil embarcação ao fundo do oceano. Apesar de sua coragem e da coragem de seus comandados, Samuel, homem religioso que era, entregou sua preces a Deus, prometendo caso saíssem vivos daquela tempestade, dar baixa em sua patente e ingressando na vida civil dedicar-se à música, sua principal paixão e construir uma igreja a Santo Antônio, seu padroeiro.

Depois de alguns meses, ainda naquele ano, são e salvos, o navio jogou âncora no porto do Rio de Janeiro. De imediato Samuel pediu baixa da marinha portuguesa. Cumprida a primeira obrigação, Samuel trabalhou naquela cidade até meados de 1862. Em abril deste ano viajou para Nova Friburgo a fim de lecionar música. Apresentado por amigos a Galiano das Neves, diretor do Colégio Freese, foi imediatamente contratado. Devido às péssimas condições de acomodação no Colégio, Samuel foi residir na casa de Elisa Eckert Pascal, viúva de Fernando Pascal, onde conheceu a filha de Elisa, Guilhermina Josefina, por quem enamorou-se.

Nesta oportunidade surge a figura do comerciante Francisco José Bohrer, que muito amigo da família Eckert, sede parte dos fundos de sua residência para a construção de uma pequena sala de apresentações. Então com a ajuda de tantos outros amigos de famílias friburguenses (Bravo, Sardou, Berçot, Tingly, Martignoni, e outras) surge finalmente a idéia de uma banda. Em 26 de Fevereiro de 1863 estava fundada a Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense, a qual Samuel regeu por muitos anos. (O nome Euterpe é uma homenagem à deusa grega da arte e da música). Era hora de partir para a última promessa.

Nos anos seguintes, trabalhou muito e com a ajuda de Francisco José Bohrer, foi ascendendo socialmente. Precisou também desmanchar um noivado em Portugal, o que fez através de cartas. Finalmente, a 8 de Agosto de 1867, Samuel e Guilhermina casaram-se. Sabedora da promessa do marido, logo após o casamento Guilhermina lhe disse: - “Agora o compromisso é meu também. Vamos trabalhar para a realizá-lo”.

Prendada em artes cênicas, Guilhermina pôs-se ao trabalho com o objetivo de angariar fundos para a construção da igreja, transformando sua casa em um pequeno teatro, onde eram feitas as encenações. Em 26 de outubro de 1875 a câmara de Nova Friburgo procede a doação de um pequeno terreno à Euterpe Friburguense. Em 13 de Junho de 1879 o então vigário João Felipe Pinheiro dá sua benção durante o lançamento da pedra fundamental da capela de Santo Antônio. A construção da capela foi lenta, pois os recursos eram conseguidos com festivais e leilões que a Euterpe realizava. Exatos cinco anos depois, em 13 de Junho de 1884, sendo Vigário da Paróquia o Padre Amaro Theot Castor Brasil, é inaugurada a capela. A última promessa estava finalmente concretizada.

Samuel cuidou com muito zelo da Capela e organizou as festas do seu padroeiro. Estabeleceu a distribuição do Pão de Santo Antônio. Não deixou filhos, mas sempre teve para com os amigos e os necessitados um carinho especial. Foi membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Possuiu uma firma comercial em sociedade com Fernando José Bohrer, filho de Francisco. Ocupou cargos eletivos. Foi pessoa estimada e respeitada na sociedade Friburguense. Samuel veio a falecer a 8 de Dezembro de 1905, aos 74 anos e Guilhermina em 10 de Setembro de 1919.

PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Instituição de Utilidade Pública

Número do projeto:
PL3342/10
Data de apresentação:
Nov 2010

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESOLVE: Art. 1º - Fica declarada de Utilidade Pública a “SOCIEDADE MUSICAL BENEFICENTE EUTERPE FRIBURGUENSE”, com sede e foro no Município de Nova Friburgo.
Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 17 de novembro de 2010.
Justificativa:
O presente Projeto de Lei tem por objetivo considerar de Utilidade Pública a SOCIEDADE MUSICAL BENEFICENTE EUTERPE FRIBURGUENSE, com sede e foro no Município de Nova Friburgo. A Sociedade, constituída em 26 de fevereiro de 1863, tem por objetivo desenvolver atividades ligadas à cultura e a arte, dentre outras. Tendo em vista o caráter humanitário dos serviços que presta, aliado às necessidades com que se defrontam as instituições filantrópicas, a concessão do título de utilidade pública estadual representará um importante respaldo para que possa continuar sua importantíssima missão. Cumpre informar que a presente propositura atende aos requisitos da Resolução nº 01/92 da Comissão de Constituição e Justiça, conforme documentação em anexo.

Copyright 2013, S.M.B. EUTERPE FRIBURGUENSE. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

APOIADORES:

bottom of page